quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O que é Cistinúria?

A cistinúria é uma doença autossômica recessiva caracterizada por um transporte defeituoso de cistina, lisina, ornitina, e arginina nos túbulos proximais renais e nas células epiteliais do trato gastrointestinal. A concentração elevada de cistina no trato urinário é responsável pela formação de cálculos renais. A doença afeta cerca de 1/7000 indivíduos. O quadro clínico desenvolvido pelos doentes é resultante da urolitíase cursando com cólicas e infecções urinárias  de repetição, evoluindo por vezes para insuficiência renal. Com base na excreção dos aminoácidos básicos e cistina definem-se dois tipos de fenótipo: Tipo I e Tipo não I. Os heterozigotos tipo I têm  aminoacidúria normal, enquanto os heterozigotos do tipo não I têm, habitualmente, excreção aumentada de cistina e aminoácidos básicos.

Aspectos Genéticos


De acordo com as descobertas moleculares recentes, tem-se identificado os genes responsáveis por esta enfermidade: SLC3A1 e SLC7A9.
Trata-se de uma enfermidade hereditária rara como conseqüência de mutações nos genes SLC3A1(localizado no cromossomo 2p16.3-21) e SLC7A9 (localizado no cromossomo 19q12-13), afetando o transporte dos aminoácidos dibásicos em nível tubular renal e, em alguns casos, intestinal. Está relacionada a três alelos mutantes autossômicos-recessivos I, II e III que determinam maior excreção urinária de cistina, lisina, arginina e ornitina. Homozigotos (I/I, II/II, III/III) formam cálculos de cistina numa freqüência maior que os heterozigotos (I/II, I/III, II/III).
Classifica-se como tipo I e tipo não I. A cistinúria tipo I e a tipo não I se diferenciam em relação à aminoacidúria de cisteína e de aminoácidos dibásicos dos heterozigotos. Pacientes foram descritos com um tipo misto, pois herdaram tanto alelos tipo I como alelos tipo não I de seus progenitores.
A cistinúria tipo I é a majoritária, representa aproximadamente 60% de todos os casos desta enfermidade. O gene tem um tamanho de 45kb, possui 10 exons e o tamanho dos íntrons variam entre 500pb e 13.000 pb. Uma vez que se estabeleceu a estrutura do gene SLC3A1, o estudo de distintas populações de famílias com cistinúria permitiu descobrir mais de 60 mutações causadoras da enfermidade. A natureza das mutações é muito variável, inclui mutações sem sentido, de sentido trocado, erros na maturação do RNA, deleções e inserções. Todas causam, por diversos mecanismos, uma excreção incorreta da proteína transportadora da membrana das células renais.
O tipo não I é de caráter co dominante ou incompletamente recessivo. O gene SLC7A9 é responsável pela cistinúria tipo não I e codifica uma proteína não glicosilada envolvida no transporte de aminoácidos. Foram identificadas mais de 35 mutações diferentes no gene SLC7A9 em distintas populações, sendo também muito variadas como no gene SLC3A1.

Via Bioquímica


Os erros inatos do metabolismo são alterações de natureza genética provocadas por um décifit enzimático que conduz ao bloqueio de uma determinada via metabólica.
Como consequência do bloqueio, há acumulação e/ou desvio do substrato para uma via metabólica alternativa, bem como, diminuição da síntese do produto da reação. Por conseguinte, doentes portadores dessas anomalias podem apresentar elevadas concentrações de determinados metabólitos nos fluidos fisiológicos.
A cistinúria é uma patologia que afeta a absorção de cistina e aminoácidos catións no intestino e rins. Esta doença hereditária autossômica recessiva é caracterizada pelo aumento da excreção urinária de cistina e de aminoácidos básicos (lisina, arginina e ornitina).
A cistina é o derivado dissulfeto do aminoácido cisteína. O transporte anormal de cistina entre as células e o meio extracelular causa cistinúria, um dos mais comuns distúrbios hereditários do metabolismo. É um distúrbio geneticamente heterogêneo, causado por um defeito do transporte de aminoácido dibásico, afetando as células epiteliais do trato gastrointestinal e túbulos renais. Como resultado, a cistina, lisina, arginina e ornitina são excretadas na urina em quantidades maiores do que o normal. De acordo com as descobertas moleculares recentes, tem-se identificado os genes responsáveis por esta enfermidade: SLC3A1 e SLC7A9. Uma correta identificação fenotípica e/ou genotípica dos pacientes cistinúricos permite uma melhor profilaxia e terapia para esta patologia.
As concentrações elevadas de arginina, lisina e ornitina na urina não têm tradução clínica, no entanto a cistina, devido à sua baixa solubilidade, precipita nos túbulos renais constituindo uma das causas de nefrolitíase (nefro= rins; litíase= cálculo).



Sintomas

Em geral, o primeiro sintoma é a dor intensa provocada por um espasmo do ureter onde ficou encravado um cálculo. Também é comum a cólica renal, embora os cálculos renais possam também ser detectados após uma infecção urinária ou encontrados inesperadamente em doentes que efetuam um raio-X abdominal ou ecografia por outras razões. A obstrução da via urinária por causa dos cálculos provoca a infecção da mesma e insuficiência renal.

Tratamentos


O tratamento consiste em prevenir a formação de cálculos de cistina mantendo uma concentração baixa de cistina na urina. O primeiro passo para que isso ocorra é aumentar a solubilidade da cistina urinária, para então dissolver os cálculos e prevenir para que não ocorra novamente. Por isso é necessário um aumento no consumo de água, inclusive durante a noite para não parar a hidratação. É recomendado de 2500mL a 3000mL por dia, suficiente para produzir 4 litros de urina por dia.

Tratamento através da dieta: Uma dieta hipossódica, ou seja, pobre em sal, pode reduzir a excreção urinária de cistina. Dieta pobre em metionina que, por ser um percursor da cistina, tem sido indicada, mas com efeitos clínicos mínimos. Há relato de que uma dieta pobre em proteínas pode ser benéfica para pacientes com cistinúria, mas se for uma criança, a restrição protéica pode atrapalhar no crescimento da criança, é necessário o acompanhamento nutricional desse paciente.

Alcalinização urinária: Além da hidratação, é importante fazer a alcalinização urinária, onde o pH urinário deve ser menor que 7,5, para que isso ocorra é necessário a prescrição de bicarbonato de potássio ou citrato, e deve ser tomada quatro ou três vezes por dia, sendo a última antes de dormir.

Tratamento Medicamentoso: Medicamentos que convertem cistina em cisteina, que é muito mais solúvel que a cistina, estão sendo eficazes nos tratamentos da cistinúria.

a) D-penicilamina, por ter um componente sulfidril, que promove a excreção de um complexo mais solúvel com a cistina, a P-cisteínadissulfito. 

b)Alfa-mercaptopropionilglicina, tem as mesmas propriedades químicas da D-penicilamina, apresentando menos efeitos adversos. 

c)Ácido ascórbico, após uma dose de 5 g, a concentração urinária da cistina diminui aproximadamente 40%. 

d)Glutamina, causa diminuição da excreção urinária de cistina. 

e)Captopril, é um inibidor da enzima conversora de angiotensina que leva a um aumento da solubilidade da cistina em torno de 200 vezes, formando o composto captopril-cisteína.

Cirurgia: Em casos mais sérios o paciente pode ser submetido a uma cirurgia para a retirada dos cálculos.

Dieta


Indivíduos com cistinuria devem seguir uma dieta hipoproteica e o aumento da ingestão hídrica e hipossódica. Que diminui o risco de litíase associada a hiperexcreção de acido único hipercalciuria e hipocitraturia.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Café da Manhã


Sugestão de ‘Café da manhã’ para pacientes com cistinúria.

Visto que os pacientes com cistinúria devem fazer uso de uma dieta hipossódica, hipoproteica e aumentar a ingestão hídrica, a seguir teremos uma sugestão de um ‘Café da manhã’ para um Cistinúrico.

1 Pote de  Iogurte Natural  (100g) -   52mg de sódio
1 fatia de Mamão Papaya (100g) -  2mg de sódio
1 fatia torrada dietética (25g)  -  44 mg de sódio
Manteiga sem sal (4g) - 0,16 mg de sódio


Alto teor de Sódio (>1000mg/100g de alimento)

Moderado Teor de Sódio (<1000mg/100g de alimento)

Baixo Teor de Sódio (<200 mg/100g de alimento)

Baixíssimo Teor de Sódio (<35 mg/100g de alimento)

Teor de Sódio Desprezível (<5 mg/100g de alimento)




Anexos


Vídeo falando um pouco mais sobre Cistinúria (Espanhol)



Cálculo de Cistina na Bexiga



Cálculos Renais



Litíase Renal





Nefrolitíase

Bibliografia


http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=3654&fase=|(GOOGLE  ACADÊMICO)

 http://scielo.isciii.es/scielo.php?pid=S0212-71992003000600011&script=sci_arttext - artigo: anales de medicina interna. Acessado em 08/10/12

 http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3654. Acessado em 07/10/12


 (Palacín et al, 2001; Scriver, 2008; Knoll et al,2005;Bröer, 2008; Fernández et al, 1997)


 Fonte: Amâncio F.A.M., Scalco F.B. Investigação diagnóstica de erros inatos do metabolismo em um hospital universitário. J. Bras. Patol. Med. Lab. C.A.R. 2007;

http://ria.ua.pt/handle/10773/8733

Artigo “Cistinúria como causa de litíase renal bilateral em lactente” http://www.spp.pt/Userfiles/File/App/Artigos/27/20110729093909_CasoClinico_Cardoso_R_42(2).p

Artigo “Cistinúria – Revisão da Literatura e Investigação das Suas Bases Genéticas em 4 Doentes’’ http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/nas/v19n4/v19n4a02.pdf

http://www.alessandracoelho.com.br/teor-de-sodio.htm

http://emedix.uol.com.br/dia/ali009_1f_frootloop.php